Maman gostava do basco e não era pelo perfil de nariz curto, clássico, dos olhos amendoados , do cabelo negro lustroso, do andar deslizante e suave , dos gestos casuais . Não era por causa do lenço vermelho e do boné assentado sobre a cabeça em um estilo de malandro.
Não era por causa dos modos sedutores com as mulheres.
Era por causa do pendentif * majestoso , do nobre volume , da receptividade sensível e infatigável, da afabilidade , da cordialidade, expansibilidade daquele pingente .
Ela jamais vira um como aquele .
A maior aventura de Maman , fora um desfile dos soldados escoceses em certa manhã de primavera.Enquanto bebia no bar , ela ouviu uma conversa sobre os escoceses.
Um homem disse :
-Eles pegam os jovens e os treinam para andar daquela maneira. É um passo especial. Difícil, muito difícil. Há um coupe de fesse ** , um balanço, que faz os quadris e aquela bolsinha que usam na frente do saiote, balançar de um jeito certo.
Se a bolsa não balança , é uma falha . O passo é mais complicado que os de um bailarino.
Maman ficou pensando: cada vez que a bolsa balança e o saiote balança , os outros pendentes também devem balançar , ora essa. E seu velho coração emocionou-se .Balanço.Balanço..... Todos no mesmo compasso. Aquele era o exército ideal .
Ela gostaria de acompanhar um exército daqueles em qualquer posição.Um , dois , três .
Ela já estava emocionada o bastante , com o balanço dos pendentes , quando o homem do bar acrescentou:
- E você sabe que eles não usam nada por baixo.
Não usavam nada por baixo! Aqueles homens robustos , homens tão empertigados , vigorosos ! cabeças erguidas , pernas fortes nuas e saiotes – aquilo os deixava vulneráveis como uma mulher , ora! Homens grandes e robustos , provocantes como uma mulher e pelados por baixo .
Mamam queria se transformar em uma pedra do calçamento para ser pisoteada , para que lhe fosse permitido olhar a “ bolsa”escondida, balançando a cada passo por baixo do saiote curto.
Maman sentiu-se indisposta . O bar estava quente demais Precisava de ar .
Ela aguardou a parada . Cada passo dos escoceses , era como um passo dentro do seu próprio corpo, ela vibrava do mesmo modo.Um , dois , três .
Uma dança em torno do abdômen , selvagem e uniforme , a bolsinha de pele balançando como pelos púbicos .
Maman estava quente como um dia de julho. Não conseguia pensar em nada , alem de abrir caminho até a frente da multidão e depois escorregar sobre os joelhos e simular um desmaio .
Mas tudo o que viu , foram pernas desaparecendo por baixo de saiotes xadrezes pregueados .
Mais tarde recostada nos joelhos de um policial , revirou os olhos como se fosse ter um ataque .Se ao menos a parada desse a volta e marchasse sobre ela ....
Desse modo , a vitalidade de Maman nunca fenecia .Era adequadamente nutrida .À noite , sua carne estava tenra como se houvesse sido cozida em fogo brando o dia inteiro...
*pingente em francês
**golpe de nádegas em francês
Adoro a sutileza de Anais Nin....rsrsrs
5 comentários:
Olá, Deusa! Obrigado pela visita e pelas palavras carinhosas. Apareça sempre!
Adorável!!!
Estes contos, do Delta de Vênus, da Anais Nin são fantásticos...
Amiga...marchando..um..dois..três..hahahaha...vamos??kkkkkkkkkkk
Super beijos...
Fico aqui, lembrando de sua risada, e me acabando de rir...
Bjss
"O bar estava quente demais Precisava de ar ." E neste momento, Maman chamou suas amigas,Rê e Deusa, para espiarem um pouco mais..mas estas riam tanto que não conseguiam sair do lugar...
Lembro-me bem..kkkkkkkkkkkkkkk
Bjsssssssssss
Rê.
"Homens grandes e robustos , provocantes como uma mulher e pelados por baixo "
Acho que vou desmaiar também.
beijos
Mes felicitations pour l"histoire du pedentif.Bon voyage et bonne chance a LV.Bisous.
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